Essa semana eu conversei com uma pessoa que já admirava pela sensibilidade do trabalho e agora admiro mais pela personalidade. A Gabriela Vivacqua descobriu a sua paixão pela fotografia e transformou isso em arte e profissão. Agora ela viaja por lugares remotos mergulhando na cultura de diferentes povos e mostrando para o mundo a beleza de tudo isso. Aqui ela fala um pouquinho sobre como tudo isso começou.
Gabi, conta um pouquinho sobre você. Sei que você é advogada, mas como surgiu essa paixão pela fotografia e como conseguiu viajar para lugares tão interessantes?
A fotografia aconteceu de forma inesperada da minha vida. Eu nunca imaginei que viria a trabalhar como fotógrafa. Me formei em direito mas nunca gostei da rotina de escritório e de todas as burocracias que o trabalho de advogada envolve, me sentia presa. Sempre fui apaixonada por natureza, pelos animais, nasci em uma fazenda, sempre gostei da liberdade. Com uma amiga resolvi fazer um curso de fotografia e me apaixonei. Comecei fotografando animais, esse era o meu foco. Viajei para a Amazônia, trabalhei como voluntária no Projeto Fauna do Jardim Botânico do Rio de janeiro. Fotografar animais me ajudou a evoluir rapidamente na fotografia, já que esses “modelos” não ficam parados. O amor pela fotografia social veio depois, quando fui convidada para trabalhar na IOM(International Organization for Migration) no Sudão, na África. Um dos meus maiores sonhos sempre foi conhecer a África, por conta de todos os programas da National Geographic que sempre assisti. Não pensei duas vezes e vi isso como a oportunidade de começar algo diferente. Assim que cheguei o que me chamou a atenção foi a cultura completamente diferente, a forma que as pessoas viviam, a pobreza, o lixo nas ruas, mas com o passar do tempo fui criando um outro olhar, como as pessoas eram interessantes, receptivas, como a luz era tão bonita. Comecei a fotografar as moças que fazem chá nas ruas, as famílias que moram no deserto e foi ai que surgiu esse amor pela fotografia social, humanitária. Decidi que queria usar minha arte para ajudar as pessoas, contar suas histórias, mostrar o lado bonito que existe em cada situação, dentro de cada um. Depois disso comecei a trabalhar no programa de alimentação da ONU (United Nations World Food Programme) cobrindo todos os tipos de projetos sociais que eles desenvolvem e isso só me fez ter mais certeza de que esse é o caminho que eu quero seguir. O Sudão por incrível que pareça tem uma localização estratégica, que me proporcionou visitar lugares muito interessantes.
Quais foram os últimos países / regiões que você passou ultimamente?
No último ano eu tive a oportunidade de visitar os Estados Unidos, a Tailândia, Emirados Árabes, Egito, Nova Zelândia, Espanha, Etiópia, Quênia e Turquia.
Como a fotografia tem influenciado a forma como você viaja e observa o mundo ao seu redor?
Meu trabalho tem determinado a maioria das minhas viagens nos últimos tempos. A fotografia vem me ensinando a respeitar cada vez mais as diferenças, a ser mais generosa, a ser mais humana.
Quais foram os destinos mais marcantes e o que fizeram estas lembranças?
O mais marcante foram Etiópia, Tailândia e Nova Zelândia. A viagem para a Etiópia foi muito especial pois reforçou ainda mais essa certeza de trabalhar com a fotografia. Eu viajei para o Vale do Omo, onde vivem as tribos mais antigas da humanidade. Foi incrível poder ver como muitas dessas comunidades continuam a manter suas tradições, como é bonita a cultura, a forma como eles sobrevivem. Não é uma vida fácil, mas eles tem comida, contato com a natureza, eles vivem muito bem. Ao mesmo tempo foi muito triste realizar os problemas que eles vem enfrentando. Uma barragem enorme vem sendo construída e quando concluída afetará grande parte da população. Além disso, o turismo, as estradas, a “modernidade” vem aos poucos contaminando essa cultura tão única, peculiar, que infelizmente corre o risco de se perder. A Tailândia sempre esteve na minha lista, os templos são lindos, as praias paradisíacas, a cultura super interessante e eu estava acompanhada de pessoas muito especiais, foi uma viagem muito agradável. A Nova Zelândia foi uma surpresa para mim, mesmo sempre tendo escutado muito sobre a natureza por la. É de tirar o fôlego! Eu não esperava encontrar o que eu encontrei. O ‘landscape’ realmente é exuberante! Fiz trilhas incríveis! Esse é O lugar pra quem ama aventuras ao ar livre, esporte e natureza!
Você ainda consegue se surpreender nas suas viagens ou acha que aos poucos tudo vai ficando ‘mais do mesmo’?
Eu acho que nunca vou me cansar de viajar! O meu grande prazer é conhecer novos lugares, novas culturas, pessoas que vivem de uma forma completamente diferente do que eu estou acostumada. Sempre tem alguma coisa nova para aprender e apreciar.
O que você diria que é o mais desafiador nessa sua experiência? E o mais gratificante?
O mais desafiante é estar longe da família e dos amigos e o mais gratificante é estar fazendo algo para ajudar o próximo e o retorno que eu tenho recebido das pessoas com quem trabalho.
Você consegue conciliar trabalho com o lazer da viagem? Qual seria a sua dica para pessoas que buscam ser mais produtivas na estrada?
Depende do meu foco. Se eu estiver viajando para uma expedição fotográfica vou fazer isso todos os dias até o final. Normalmente quando eu viajo a lazer é só para aproveitar mesmo, as vezes eu viajo e não tiro nem uma foto, pois não quero nem pegar na máquina hahaha. Mas acredito que dê sim para conciliar, acho que a dica é dedicar um período de tempo só para o trabalho e outro só para o lazer.
Admirando a sua arte conseguimos perceber a sensibilidade que você tem com as pessoas fotografadas, como você consegue essa conexão? Há uma conversa antes ou você capta espontaneamente?
Eu respeito muito as pessoas que eu fotografo. O momento mais especial da fotografia pra mim é essa interação com quem estou fotografando, é ali que está a magia. Eu nunca fotografo alguém que não esteja se sentindo confortável de ser fotografado. Sempre busco conversar, criar um clima agradável, uma relação de confiança, para que eles curtam esse momento tanto quanto eu.
E agora? Onde você está? E qual o seu próximo destino?
Agora eu estou no Sudão, terminado meu trabalho na WFP. O próximo destino ainda é incerto. Estou analisando as possibilidades.
Para as pessoas que querem conhecer melhor a sua arte qual o melhor canal para acompanhar?
No momento o melhor lugar para acompanhar o meu trabalho é o meu Instagram . Em breve o meu site estará no ar com todos os meus trabalhos, projetos e aventuras!
Gabi, muito obrigada por compartilhar a sua história e nos brindar com essas belas e provocativas fotos.
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